sábado, 13 de fevereiro de 2010

Uma criança nas mãos da rua. - Parte 1

Era fácil ver o mundo assim. Pessoas na rua, mendigos, crianças abandonadas, todos nós estamos acostumados, inclusive eu. Eu afirmo que nunca, nunca mesmo pensei que um dia, eu pudesse passar tudo o que eles passam, viver essa realidade.
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Meus pais são filhos únicos, ou seja, não tenho tios nem primos, apenas meus pais. Meus avós já se foram. Meu nome é David, tenho 11 anos. Tenho poucos amigos, sou uma criança como outra. Tenho meus sonhos, um deles seria de ser médico.
Eu tinha uma vida boa, meus pais nunca deixavam faltar nada para mim. Até que um dia, aconteceu o inesperado, o que toda criança teme. Meus pais deixaram esse mundo por conta de um acidente de carro. Minha cabeça virou de cabeça pra baixo, o que eu faria? Eu era apenas uma criança e agora, eu estava sozinho no mundo. Meu mundo desmoronou.
Recebi a notícia por um telefonema da polícia, eu estava sozinho em casa. O conselho tutelar viria me buscar no dia seguinte.
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Bateram na porta, fui abrir e me deparei com algumas pessoas de terno.
- Oi. Você deve ser o David. Podemos entrar?
- O que vocês querem? - eu estava com os olhos inchados, pois não havia dormido na noite anterior de medo e tristeza.
- Nós te explicaremos tudo. Podemos?
- Tá bom, entrem.
Eles entraram e se aconchegaram no sofá, fiz o mesmo.
- David, nós somos do Conselho Tutelar. Você virá conosco e terá onde dormir, comer, estudar e terá amigos. Agora que está sozinho, não teria como pagar tudo o que seus pais te davam e além de tudo, você é menor de idade, não pode ficar sem responsável. - eu escutava tudo de cabeça baixa. - Você tem algum tio, algum parente?
- Não. - uma lágrima escorreu de meus pequenos olhos.
- Muito bem, então você virá conosco.
- Mas e a minha casa? E as coisas dos meus pais?
- Daremos um jeito.
Eu não queria ir com eles, não mesmo! Eu queria meus pais, mas eles não estavam mais aqui. Teria que me virar sozinho pra não ficar nas mãos dessas pessoas sem coração.
- Venha, David. - eles estavam na porta de minha casa me esperando.
Levantei do sofá e segui em direção a eles. Caminhávamos em direção a um carro preto. Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo comigo, justo comigo. Sempre fui um bom filho, uma boa criança. Não terei esse fim. Resolvi correr, foi a primeira ideia que veio á minha cabeça para não ter que ir com eles. Corri com toda força que podia.
- Peguem ele!
Dois seguranças correram atrás de mim, mas eu era pequeno e poderia me esconder fácil, foi o que fiz. Virei a esquina e entrei num jardim de uma vizinha, eles passaram direto. E agora, o que eu faço?

CONTINUA

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