sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alma negra se alma fosse

Vi um homem negro ali em pé
Bem no meu muro
Como uma estátua
Seus olhos invadiam minha casa

Eu não estava bem
Eu já não estava bem
Tinha a forma de um humano
Mas de certo não parecia

E seus olhos me invadiam
O que queres? sucintei
Ele riu debochadamente
Ou ironicamente, não sei

Provou que não era daqui
Saltou e foi embora, paz
Fechei minhas cortinas
Saí pela noite, ainda não estava bem


A coleção que não acaba

Quero parte do céu
Quero parte da estrela
Quero parte da chuva
Quero parte do escuro
Quero parte do cabelo e dos olhos
Quero parte dos sangues
Quero parte do cheiro que apenas eu sinto
Quero esta coleção que não posso guardar
Quero guardá-la em um canto meu
Só pra rir de vez em quando

Velhos sorrisos

Lembrei daqueles sorrisos que já me confortaram muito, aqueles que me ensinaram, aqueles que me intimidaram, os que me hipnotizaram, os que riram comigo...
Lembrei daqueles velhos sorrisos. Sorrisos presos ao tempo, que hoje não existem mais, ou até existem, mas são mortos para mim, apagados, afogados, onde tudo o que eram se perdeu nos dias, nos meses, pelo tempo...
Às vezes retornam nas fotografias, estagnados, nas lembranças ou até ao vivo. Mas onde está a emoção que vocês tinham? Os brilhos? Não contagiam mais a mim.
Sorrisos queridos ontem, fracassados hoje, amanhã não sei.
Hoje tenho novos sorrisos queridos, que não sei se conseguirão continuar assim até amanhã, tenho sorrisos velhos renovados que evoluíram com os invernos e só.
Talvez amanhã eu ganhe mais sorrisos... Mas as lembranças doeriam e doem.
Que seja.

Vejo o que vê, não vê o que vejo


Não é preciso palavras
Pra sentir o que você sente
Ou pra saber o que está pensando

Não é preciso palavras
Pra ver nos meus olhos o tamanho do meu amor
Ou pra ver nos próprios o tamanho do meu ódio

Não é preciso palavras
Pra ver que você ainda lembra
Ou pra ver que certo sabor há

Não é preciso palavras
Porque eles me dizem
E este se torce