quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Vento, vem e me carrega...
Me carrega de leve, bem suave
Assim.
Me leva pra um lugar
Bem gostoso
Me leva pros braços
De quem se sente como eu
Assim
Carregado pelo vento...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ninguém salvaria mesmo.

Ela foi achada no meio da estrada, jogada e ensanguentada, alguns ossos quebrados. Logo havia uma pequena multidão a sua volta. Paramédicos chegaram em pouco mais de 2 minutos e a socorreram.
Mais tarde, no hospital, quando ela acordou, sua mãe a observava decepcionada. Decepcionada?
O motorista que havia a atropelado havia dito que não foi um acidente da parte de ambos e sim apenas da parte dele. Ele disse que ela simplesmente havia parado na frente do carro enquanto ele estava em alta velocidade.

Ninguém sabia o que se passava, mas ela já sabia que já estava morta há algum tempo.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Dores não são para sempre

Foi no seu olhar que eu vi, minha linda, que não havia mais o mesmo brilho. E seu sorriso que não era mais tão largo, ele apenas tentava me confortar, mas sinceramente, estava apenas me destruindo.

Tá vendo aquela luz lá encima?
Ela é o meu coração, a minha alma, que toda noite te procura.
Ela grita, grita, olha por todos os cantinhos de tudo o que seja possível existir.
Mas você não escuta, e se escuta, finge que não.

Dias passam, parece interminável. Mas não é...

...

Dias passaram, não terminou, mas se foi.
As lembranças boas, sempre estarão vivas, saudades sempre existirão, mas te ver sorrir daqui me faz sorrir.

E que assim seja.
Pro bem de todos.


sábado, 18 de junho de 2011

Ela me levou

Eu estava ali na cozinha pensando em nada quando ela apareceu, segurou meu braço, abriu a porta e saltou em direção à Lua. Foi quando ela me olhou enquanto eu estava perplexo ao ver tamanha altura a que estávamos, mergulhei naqueles profundos e gigantes olhos azuis que me fizeram confiar naquele momento até meu último segundo. Não voltamos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alma negra se alma fosse

Vi um homem negro ali em pé
Bem no meu muro
Como uma estátua
Seus olhos invadiam minha casa

Eu não estava bem
Eu já não estava bem
Tinha a forma de um humano
Mas de certo não parecia

E seus olhos me invadiam
O que queres? sucintei
Ele riu debochadamente
Ou ironicamente, não sei

Provou que não era daqui
Saltou e foi embora, paz
Fechei minhas cortinas
Saí pela noite, ainda não estava bem


A coleção que não acaba

Quero parte do céu
Quero parte da estrela
Quero parte da chuva
Quero parte do escuro
Quero parte do cabelo e dos olhos
Quero parte dos sangues
Quero parte do cheiro que apenas eu sinto
Quero esta coleção que não posso guardar
Quero guardá-la em um canto meu
Só pra rir de vez em quando

Velhos sorrisos

Lembrei daqueles sorrisos que já me confortaram muito, aqueles que me ensinaram, aqueles que me intimidaram, os que me hipnotizaram, os que riram comigo...
Lembrei daqueles velhos sorrisos. Sorrisos presos ao tempo, que hoje não existem mais, ou até existem, mas são mortos para mim, apagados, afogados, onde tudo o que eram se perdeu nos dias, nos meses, pelo tempo...
Às vezes retornam nas fotografias, estagnados, nas lembranças ou até ao vivo. Mas onde está a emoção que vocês tinham? Os brilhos? Não contagiam mais a mim.
Sorrisos queridos ontem, fracassados hoje, amanhã não sei.
Hoje tenho novos sorrisos queridos, que não sei se conseguirão continuar assim até amanhã, tenho sorrisos velhos renovados que evoluíram com os invernos e só.
Talvez amanhã eu ganhe mais sorrisos... Mas as lembranças doeriam e doem.
Que seja.

Vejo o que vê, não vê o que vejo


Não é preciso palavras
Pra sentir o que você sente
Ou pra saber o que está pensando

Não é preciso palavras
Pra ver nos meus olhos o tamanho do meu amor
Ou pra ver nos próprios o tamanho do meu ódio

Não é preciso palavras
Pra ver que você ainda lembra
Ou pra ver que certo sabor há

Não é preciso palavras
Porque eles me dizem
E este se torce

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Tormenta

Estava ela com seus pensamentos mais uma vez. Tormenta. Sacou seu último cigarro, acendeu e o depositou em seus lábios rachados e secos de vida. Tragou. Pensou. Tragou mais uma vez. Desta vez pôs-se a olhar para o mar escuro e calmo como uma alma que dorme tranquila. Tormenta. Estava perdida. Muito mais perdida que uma poeira no universo. As imagens e frases passavam rapidamente em sua cabeça, algumas paravam, eram analisadas, mas logo descartadas. Procurou por outro cigarro, não achou, chorou. Seus lábios arderam pelas lágrimas, as rachaduras se avermelharam como brasa. Sua língua estava seca de bebida, seu pulmão seco de cigarro. Tormenta. Ao lado do pulmão se via a preocupação. Debaixo do fígado se via a raiva. Colado no fêmur estava a tristeza. Dentro do estômago estava a esperança. E o amor era salpicado nos pés. Verdadeira tormenta interna. Seu rosto era quase morto de tão calmo. Soprou uma fumaça de desejo, guiou-se até o mar, molhou os pés, formigou o amor. Reavivou. Ela nem pensou. Seus pés resolveram levá-la até lá. Se encontraram com um outro par, onde estava salpicada a solidão.
A tormenta acabou.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Tempos que não voltam mais


Escute, sinto a sua falta. Os dentes pequenos que não davam conta do chiclete ou do chocolate, que hoje são pequenos pra mim. As casinhas feitas com lençol sobre as cadeiras. Nossas filhas, todas loiras, geladas, mortas e ao mesmo tempo tão vivas e choronas. Nosso nome que mudava, nossa profissão, nossa idade... O cabelo preto no topo da cabeça ou partido em dois. O sorriso bobo pela simulação do casamento. As pinturas que eram nossas obras de arte.

Lembra quando a mamãe chorava na nossa apresentação de dia das mães na escola? E quando o papai nos fazia cócegas com a barba ou nos enchia de beijinhos? Ah, minha pequena, lembra daquela casinha de boneca que ganhamos naquele natal? Ela existe até hoje!

A mamadeira, o paninho, o travesseiro, as noites nas casas das primas. As Barbies. Os sapatinhos das Barbies. Nosso moletom rosa. O Sítio do Picapau Amarelo, As Meninas Superpoderosas. O cochilo no carro na volta da praia, as conchinhas coletadas.

Lembra quando não havia preocupação com o futuro? Quando não havia pressão e lágrimas por problemas sérios? Lembra quando amar era só ficar vermelha ao ver o menininho e só nossa melhor amiga sabia o porquê da vergonha? Lembra quando as melhores festas eram aquelas que haviam saquinhos surpresa, bolão, brigadeiro, refrigerante e nossos primos e amigos todos juntos? Quando as fotos eram tiradas pra recordar momentos e guardar sentimentos?

É, minha pequena, todos os dentes já caíram. Já não há mais filhas loiras e choronas. Meus pés já tocam o chão quando sento no sofá e nossa mãe já não prepara mais meu lanche. Não tenho mais medo do escuro, às vezes ele até serve de refúgio. O casamento não chega nem perto e não tenho mais pinturas.

Mamãe não chora mais por apresentações e sim por algo que ela viu na televisão ou que alguém lhe disse. Papai se aproxima apenas para me cobrar dos estudos ou criticar algo que fiz de errado ou esqueci. A casinha de boneca está sem porta e empoeirada no quintal, sem Barbies morando nela.

A mamadeira e o paninho não existem mais e as noites nas casas das primas não são mais as mesmas. As Barbies foram doadas a alguém como você. Nosso moletom rosa ainda faz parte do meu guarda roupa, mesmo estando velho. Não há mais tempo para a televisão e os cochilos no carro na volta da praia nunca mais aconteceram. As conchinhas ficam apenas na areia.

O futuro agora é minha maior preocupação, mas enquanto papai tenta me empurrar pro caminho bem sucedido, eu não consigo parar de querer trabalhar no meu sonho. Hoje as lágrimas são por motivos mais sérios que xampu nos olhos. Amar envolve sofrimento, compromisso, dedicação e paciência e as pessoas já não veem pureza nisso. As festas não tem mais bolão nem saquinho surpresa, cerveja tomou lugar do refrigerante e os brigadeiros são oferecidos primeiro para os menores, por isso nem sempre sobra. Muitos primos e amigos se afastaram e agora raramente são vistos. Fotos são tiradas por banalidades e acabam sendo apagadas sem querer do computador e perdidas.

E agora não há mais inocência. Vejo muita sujeira e morro de saudades de você. Sei que ainda está viva em algum lugar dentro de mim. Só peço que nunca se vá. Nunca me deixe sozinha aqui, no mundo.


quinta-feira, 3 de março de 2011

Pequeno Anjo

Hoje sonhei com você. Era lindo, loiro, olhos azuis brilhantes, bronzeado de criança que gosta de ir a praia. Alisei teus cabelos, sorriu pra mim, como um anjo. Me deu saudades. Saudades de dias que não voltariam mais. Talvez dias que nem houvessem existido.
Abracei-te. Acordei.

Gritos III

Encontrei-te na luz
Sua dor havia se dissipado
Fora junto com teu sangue, nosso
Tudo sujo e ruim havia ido

Segurei tua mão
Não gritei [desta vez]
Não havia motivos pra isso

Meu coração chorou
Sorri, por ti
Por mim, amou

Gritos II

Olhaste a faca com olhos de dor
Ele não te queria
Rejeitada, mais uma vez gritou
Teus prantos sangravam meu coração

Pegaste a faca com mãos sujas
Sujas de lágrimas perdidas, tortas [erradas de se chorar]
Pensaste, repensaste, não querias pensar
Eu pensava por ti, era grande besteira

Cravaste a faca, teu peito sangrou
O meu foi junto
Meu grito foi abafado na escuridão
Dor

Gritos I

Te chamei
Mas não me ouviste
Estavas olhando pra longe
Esperando ele voltar

Te gritei
Mas não me ouviste
Tua alma estava distante
Procurando por ele em todo lugar

Chorei [então chorei]
Mas [ainda] não me ouviste
Somente por te ver chorar perdida
E não poder ir te encontrar

quarta-feira, 2 de março de 2011

Felicidade II

Felicidade
É sentir o toque de uma música
É sentir o gosto da chuva
É sentir o cheiro do amor

Felicidade
É ver o brilho do vento
É chorar de rir
É morrer de amores [por ti]

Felicidade
É saber sentir